
Em 1893, Antônio Conselheiro (um monarquista assumido) e seus seguidores começam a tornar um simples movimento em algo grande demais para a República, que acabara de ser proclamada e decidira por enviar vários destacamentos militares para destruí-los. Os seguidores de Antônio Conselheiro apenas defendiam seus lares, mas a nova ordem não podia aceitar que humildes moradores do sertão da Bahia desafiassem a República. Assim, em 1897, esforços são reunidos para destruir os sertanejos. Estes fatos são vistos pela ótica de uma família, que tem opiniões conflitantes sobre Conselheiro.
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Guerra de Canudos narra a história da família de Zé Lucena (interpretado por Paulo Betti) e a saga de Antônio Conselheiro (papel vivido por José Wilker), no sertão da Bahia, no início da década de 90, do século passado. Na absoluta miséria, o sertanejo Lucena vê em Conselheiro a possibilidade de uma nova vida e decide acompanhar o beato, levando consigo a mulher, Penha (vivida por Marieta Severo), e os filhos Luíza (Cláudia Abreu), Toinho (Jorge Neves) e a pequena Teresa (Dandara Ohana Guerra). Assustada com a figura de Conselheiro, Luiza resolve fugir. A família, no entanto, se estabelece com o beato e seus seguidores em Canudos, onde levanta-se uma cidade (Belo Monte), munida pela fé e pelos alimentos partilhados por todos.
Insurgindo-se contra a República, Antônio Conselheiro é visto como uma ameaça ao Estado. Inicia-se, então, uma impiedosa campanha militar contra Canudos. Para derrotar o beato e seus seguidores, o governo envia quatro expedições, sendo que, na terceira, recorre ao temido Coronel Moreira César (interpretado por Tonico Pereira), conhecido como o "corta-cabeças"ou o "treme-terra", derrotado pelos conselheiristas. No dia 5 de outubro de 1897, o general Artur Oscar (José de Abreu) e cinco mil soldados arrasam Canudos. Entre a tropa, o jornalista Pedro Martins (Roberto Bomtempo) cobre passo a passo o desenrolar do conflito. Também atuam no filme, Tuca Andrada, Eliezer de Almeida, Denise Weinberg, Ernani Moraes, Murilo Grossi, Elias Mendonça, Dody Só, Lamartine Ferreira, Jurandir de Oliveira, Camilo Beliváqua, Orlando Vieira, Mario Gadelha, Alexandre da Costa, José Marinho, Marcelo Prado, Péricles Palmeira e Paulo Ribeiro. A produção é de Mariza Leão, figurino de Beth Filipécki, música de Edu Lobo, cenografia de Henrique Murthé, e efeitos especiais de Federico Farfan.
FONTES - Diretor de Até a última gota (documentário, 1980), O sonho não acabou (1982), O Homem da Capa Preta (1986), Doida demais (1989), A child from the South (produção da televisão inglesa, 1991) e Lamarca (1994), Sérgio Rezende, 45 anos, diz que o novo filme foi mais um esforço de conhecer e revelar a história do país. A idéia surgiu em 1991, quando lia o livro Os sertões, de Euclides da Cunha, lançado cinco anos depois - 1905 - da derrota ocorrida em Belo Monte. O escritor também cobriu o conflito para o jornal O Estado de São Paulo. Mas Rezende acabou debruçando-se no roteiro três anos mais tarde, em parceria com Paulo Halm.
Além do livro de Euclides da Cunha, Rezende utilizou como fonte informações do jornalista Manoel Benício que escreveu sobre Canudos e que lançou um livro sobre o Conselheiro, chamado O rei dos jagunços. Também leu vários livros de militares sobre o conflito, que serviram como inspiração. Há alguns textos utilizados no filme que foram extraídos literalmente das obras pesquisadas. Por exemplo, o texto que Marieta Severo diz no final é a transcrição do interrogatório de uma prisioneira, que está no livro de Euclides da Cunha. "Embora não seja baseado nele, o filme é absolutamente inspirado em Os Sertões", conta o diretor.
A produção foi iniciada em fevereiro de 96 e o filme começou a ser rodado em 14 de julho. Foram cerca de 40 horas de imagens editadas em 2h 45min de filme. O lançamento da obra coincide com as atividades que assinalam o centenário do final da Guerra de Canudos, um dos episódios que marcou o final do século XIX e início da República brasileira.
Inteiramente rodado na cidade de Juazeiro, na Bahia, Guerra de Canudos foi realizado no maior cenário já feito no Brasil: setecentas casas e duas igrejas, em 30 mil metros quadrados de área, reproduziram a vila de Antônio Conselheiro. O épico, uma superprodução com orçamento de R$ 6 milhões, tem cenas com até mil figurantes. Cerca de 70 profissionais brasileiros e cinco técnicos mexicanos trabalharam nos efeitos especiais nas cenas de batalhas. O exército brasileiro cedeu à produção 600 armamentos da época, inclusive canhões, além de liberar soldados para figurar nas cenas de guerra.
Informações Técnicas
Direção:Sérgio Rezende
Roteiro:Sérgio Rezende, Paulo Halm
Produção:Mariza Leão
Música Original:Edu Lobo
Fotografia:Antônio Luis Mendes
Edição:Isabelle Rathery
Design de Produção:Henrique Murthé
Direção de Arte:Cláudio Peixoto
Figurino:Beth Filipecki
Maquiagem:Luizinho Ferreira
Efeitos Sonoros:Marc Van Willigen
Efeitos Especiais:Federico Farfán
País:Brasil
Tempo de Duração:169 minutos
Ano de Lançamento:1997
Elenco
José Wilker .... Antônio Conselheiro
Cláudia Abreu .... Luiza
Paulo Betti .... Zé Lucena
Marieta Severo .... Penha
Tuca Andrada .... Arimatéia
Camilo Beviláqua .... Solano
Roberto Bomtempo .... Pedro
José de Abreu .... general Artur Oscar
Eliezer De Almeida .... Beatinho
Jurandir de Oliveira .... Firmino
Lamartine Ferreira .... Quirino
Murilo Grossi .... Antonio
Dandara Ohana Guerra .... Teresa
José Marinho .... Barão de Cocobodó
Selton Mello .... tenente Luís
Elias Mendonça .... João Abade
Ernani Moraes .... Antonio Vila-Nova
Jorge Neves .... Toinho
Tonico Pereira .... coronel Moreira César
Inaldo Santana .... Beato
Dody Só .... Pajeú
Denise Weinberg .... Margot
Em 1997, Edu Lobo compôs a trilha sonora de "Guerra de Canudos", filme de Sérgio Resende, em que utilizou o tema que tinha composto anos antes com Cacaso, "Tema de Canudos".
Fonte: Sinpro/RS