"Consta que houve algures antanho
Noutra Rosa Dos Ventos
Um ilustre doutor
Que dosava as erva do banho
E preparava os ungüentos
Para o imperador.
Ministrava exata mesinha
Para cada mazela
Das donzelas do amor
Inda embalsamava a rainha
Conservando a mais bela
Para o cerval do senhor.
Foi quiçá, como recompensa
Por missões tão devotas
Que o egrégio doutor
Contraiu inócua doença
Que lhe inchava as pelotas
E ululava de dor
Para desconforto da corte
Desprendia um aroma
Bem desanimador.
Que afinal, no cave de morte
Transferiu seu diploma
Para o filho sucessor
Filho meu, filho meu
Se leal
Como fui até o final
Dessa longa vigília.
Guarda bem, filho meu, com saúde
A família imperial.
Gente, Que rapaz diferente
Quando olhava um doente
Desandava a cuspir.
Quase não podia ver sangue,
Se vestia de gaze
E não parava de rir
Dava cambalhota
Em palácio se falou
Que provava de um estranho elixir.
Fato é que roubou um cavalo
E num galope sensato
Foi se embora por aí".
(Chico Buarque e Edu Lobo)
P.S. Apesar de fazer parte da peça, a música "Opereta da Corte" não integra o disco "O Grande Circo Místico".
Para ouvir a música:
*Letra e música disponibilizadas por Paulo Sérgio Mariani na comunidade Chico Buarque de Hollanda, no Orkut